Empreendimento asiático muda rotina de investimento na região
- A Lwarcel, em Lençóis Paulista, passa a se chamar Bracell; construção de nova fábrica tem início e grupo estima investir cerca de R$ 7 bilhões
Em meio à retração econômica, a região de Bauru enxerga uma luz no fim do túnel, afinal, a Lwarcel, localizada entre Lençóis Paulista e Macatuba, foi adquirida por um grupo asiático, sediado em Cingapura, que já deu início às obras de ampliação da nova fábrica, denominada Bracell. A expectativa é de que o investimento chegue à casa dos R$ 7 bilhões, fato que provocará grande impacto na rotina de vários municípios do entorno. Nessa quarta-feira (24), três executivos da indústria atenderam a imprensa.
O diretor-geral da Bracell, em São Paulo, Pedro Wilson Stefanini, informa que o negócio deverá gerar até 7,5 mil postos de trabalho, oriundos, preferencialmente, da região de Bauru. Ao final da construção, a expectativa é de que sejam contratados 2,1 mil colaboradores permanentes, principalmente, das áreas de silvicultura e controle industrial.
Além disso, o negócio atrairá inúmeros prestadores de serviço, integrantes da chamada economia-satélite. “Durante a fase de projeto, por exemplo, teremos o consumo de 30 mil pães por dia”, estima.
De acordo com Stefanini, a fábrica abriu mão de instalar alojamentos, mas utilizará o serviço prestado por hotéis de, pelo menos, outras oito cidades da região: Agudos, Areiópolis, Borebi, Jaú, Pederneiras, São Manuel, Barra Bonita e Igaraçu do Tietê.
Ainda segundo o diretor-geral da Bracell, em São Paulo, a economia regional também ganhará após a conclusão das obras. “Na fase de produção, teremos uma série de empresas prestando serviços voltados ao maquinário, à reposição de peças e à manutenção”, especifica.
Hoje, a indústria detém duas fábricas no Brasil: a que fica entre Lençóis e Macatuba, bem como aquela situada em Camaçari, na Bahia.
BOA VIZINHANÇA
Tradicionalmente, a extinta Lwarcel, administrada pela família Tricenti, possuía uma boa relação com o poder público de Lençóis e a direção da Bracell pretende mantê-la.
Logo, o grupo objetiva construir um grande ambulatório dentro da fábrica. Inclusive, tal unidade, o refeitório e o escritório serão as três primeiras edificações do projeto.
A ideia é que o parque fabril ofereça atendimento médico 24 horas por dia aos funcionários. Assim, as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) de Lençóis e Macatuba não ficarão sobrecarregadas.
A fábrica estimula, ainda, a adesão das Santas Casas de ambos os municípios aos planos de saúde ligados às empresas parceiras da Bracell.
Quanto à segurança pública, a indústria visa firmar um convênio junto ao governo estadual para ampliar o efetivo de policiais nas cidades do entorno. Porém, o projeto está em fase de estudo.
O atendimento bancário também será diferenciado. A fábrica abrigará uma agência e efetuará o pagamento dos funcionários em dias alternados, evitando, assim, a superlotação.
Muita matéria-prima Nos últimos 20 anos, este é o maior investimento privado em todo o Estado de São Paulo. Na região de Bauru, é possível que tenha batido o recorde histórico do maior volume de recursos a ser investido em uma planta industrial. O vice-presidente executivo do Grupo Bracell, Per Lindblom, explica que um dos principais fatores que trouxeram o grupo asiático à região foi a abundância de matéria-prima. “A fábrica também possuía aproximadamente 700 trabalhadores altamente qualificados”, complementa. Já o diretor de Projeto de Expansão Florestal da Bracell, Mauro Quirino, dimensiona a importância das florestas locais. “Estamos em uma região que abriga a maior produtividade de eucalipto do mundo”, observa. No momento, a Bracell tem mais de 60 mil hectares já plantados na região. O objetivo é chegar a 100 mil hectares do produto, além de adquiri-lo, também, de produtores independentes. |
Bracell estima produzir 1,5 milhão de tonelada por ano de celulose solúvel
A Bracell produz 250 mil toneladas de celulose por ano. Após a conclusão das obras de ampliação, prevista para o segundo semestre de 2021, a fábrica visa atingir a meta de 1,5 milhão de toneladas do produto, anualmente.
A empresa pretende, ainda, substituir a fabricação de celulose kraft (destinada à produção de papel) pela de celulose solúvel ou especial (que dá origem à viscose, comumente utilizada pela indústria têxtil).
Atualmente, a maior produção de fio do mundo é baseada em petróleo. Como o recurso está cada vez mais escasso, o mercado busca outra alternativa e a celulose passou a ganhar espaço.
Preocupação ambiental A fábrica terá absoluto controle de odor e trabalhará com a chamada biorrefinaria, que consiste na redução do desperdício e da emissão de gases poluentes, explica o diretor-geral da Bracell, em São Paulo, Pedro Wilson Stefanini. O projeto gerará, também, elevada quantidade de energia elétrica. A empresa, portanto, será autossustentável neste sentido. Além disso, pretende exportar 180 Mw/h, capazes de abastecer 750 mil residências ou 3 milhões de pessoas. |
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