Hospital Nossa Senhora da Piedade

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Meados da década de 1930  e Lençóis Paulista carecia de um hospital. Isto era voz corrente na cidade. Os doentes mais graves eram transportados para o hospital de Agudos e muitas vezes morriam antes de serem atendidos.  As discussões em torno da necessidade de se construir um hospital em Lençóis ganharam contornos práticos em 1936, quando a bancada do Partido Republicano Paulista apresentou a Câmara Municipal projeto autorizando o então prefeito Bruno Brega a doar um terreno da municipalidade para a obra e repassar 20 contos de reis para o inicio da construção. No dia 22 de outubro o assunto entrou em pauta – no plenário da Câmara – e causou discussão entre os vereadores da época. Raul Gonçalves de Oliveira considerava que para a construção do hospital em Lençóis, seria necessária a existência de um fundo, já que haveria despesas não só com a construção, mas também com a manutenção. Já o médio Antonio Leão Tocci dizia que o terreno a ser doado era muito próximo do centro. De toda maneira, o projeto acabou sendo aprovado naquele mesmo dia, com cinco votos favoráveis e dois contrários de Raul Gonçalves de Oliveira e Lúcio de Oliveira Lima. Apesar da urgência apontada, a primeira reunião para a criação de comissão que iria colocar a obra em prática só aconteceu dois anos depois, em 31 de maio de 1938, no salão nobre da prefeitura. Nessa reunião, ficou decidido que a entidade se chamaria Hospital Nossa Senhora da Piedade, em homenagem à padroeira do município. De acordo com o livro “Hospital conta sua História desde 50 anos”, de Florindo Paccola, a primeira reunião contou com a presença de Alípio Augusto Pereira, Antonio Segalla, Assad Feres, Bruno Brega, Dalila de Oliveira, Antonio Leão Tocci, Ester Tosa, Jacomo Nicolau Paccola, Joaquim Anselmo Martins, José Garrido Gil, Lina Bosi Canova, Lucila Ferreira Braga, Luizinha B. Brega, Lydio Bosi, Manoel Moreira da Cruz, Maria Carlota Masseran e o padre João Afonso de Moraes. Na segunda reunião em 3 de junho de 1938 a comissão foi empossada. O prefeito Bruno Brega foi eleito presidente e o presidente da Câmara, o médico Antonio Leão Tocci, o vice-presidente Jacomo Nicolau Paccola foi o primeiro secretário e a professora Lina Bosi Canova a segunda secretária.  A pedra fundamental foi lançada em maio de 1940 e em 25 de janeiro de 1944 era inaugurado o Hospital Nossa Senhora da Piedade. No mesmo dia a comissão elegeu e empossou a primeira diretoria do Hospital Piedade. O médico e prefeito Antonio Leão Tocci foi diretor clinico e Geraldo Pereira de Barros o provedor. O vice-Provedor era Gino Augusto Antonio Bosi. Jácomo Nicolau Paccola aparece como primeiro provedor e Lina Bosi Canova como segunda provedora e José Garrido Gil foi o primeiro tesoureiro. O padre Salústio Rodrigues Machado também integrou a primeira diretoria como representante da paróquia. Após a missa campal rezada pelo padre Salústio, o diretor clínico do hospital que era o prefeito e médico Antonio Leão Tocci, fez em público o pagamento final da construção ao engenheiro José Carrilho Ruiz. A primeira cirurgia foi realizada no dia 17 de fevereiro de 1944 e foi registrada em filme por João Moura Camargo. A paciente era Maria Ferreira, que sofreu uma cirurgia de apendicite. O cirurgião foi Antonio Leão Tocci auxiliado pelos médicos Antonio Tedesco e João Paccola Primo. Trabalharam como anestesistas improvisados no caso, os enfermeiros Winter Malatrasi e Irmã Germana. Durante os dez primeiros anos de funcionamento o Hospital Nossa Senhora da Piedade não teve ambulância. Em 1955, o médico Antonio Tedesco doou uma ambulância usada, marca chevrolet, ano 1946. O veiculo foi carinhosamente apelidado de Catarina pelo seu primeiro motorista, Antonio Benedetti.

Morte de menina apressou a criação do hospital

No dia 3 de abril de 1938, a menina Myrian Garrido, filha do casal Victória e José Garrido Gil,  necessitava de uma cirurgia urgente. Ela foi levada para o hospital de Agudos, mas morreu antes de ser atendida. A notícia do falecimento da menina abalou os alicerces da sociedade lençoense. O triste episódio fez com que um grupo pessoas iniciasse uma campanha com o intuito de angariar fundos para a construção de um hospital na cidade. O jornal, O Eco, único veículo de imprensa naquela época, teve papel importante na difícil empreitada que se iniciava. Criou-se então um “Livro de Ouro”. A assinatura que abriu o livro foi a do senhor José Garrido Gil que dou cinco contos de reis. Além dessa doação ele assumiu o compromisso de construir um pavilhão dedicado às crianças doentes: Pavilhão Myrian Garrido.

Casa de Saúde Madre Theodora

Em 1939, o dr. Mário Campos fundou em Lençóis Paulista a Casa de Saúde Madre Theodora que foi instalada na rua Marechal Teodoro da Fonseca (hoje Pedro Natálio Lorenzetti) onde atualmente se encontra o Centro Cultural, ao lado da Biblioteca Municipal Orígenes Lessa. Apesar das precariedades da época, segundo relatos de pessoas antigas, a Casa de Saúde Madre Theodora prestou durante pouco mais de um ano, grandes serviços à população lençoense. Na mesma casa, morou mais tarde, a família do ser Virgílio Cicconi.