Meteorologia alerta para a chegada dos 10 dias mais quentes de 2020

A temperatura pode ficar até 7°C acima do normal no interior do Brasil, agravando a situação das queimadas

Estamos prestes a entrar no período mais quente de 2020. Segundo os meteorologistas da Somar, os próximos 10 dias podem ter um desvio da temperatura de até 7 °C. Áreas de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo vão apresentar o maior calor para o período.

As áreas já estão sendo afetada pelos mais de 150 dias de estiagem e essa previsão de altas temperaturas agrava o cenário das queimadas, além de fazer com que o solo perca o que resta de umidade pela evapotranspiração. Na região de Ilha Solteira, na divisa de São Paulo com Mato Grosso do Sul, os termômetros podem bater os 40°C nos próximos dias. “É uma área forte em cana-de-açúcar, uva e pecuária que deve ser prejudicada com este pico de calor”, diz Celso Oliveira da Somar.

Nas áreas de café do Sudeste, a temperatura deverá oscilar entre 30 °C e 35 °C. O calor antes da chegada da chuva é normal, mas como o Sudeste passa por uma estiagem prolongada, os efeitos são mais sentidos por culturas como cana-de-açúcar, café e laranja.

Parte do Centro-Oeste, incluindo a região do Pantanal que pega o sul de Mato Grosso e oeste de Mato Grosso do Sul, enfrenta o pior cenário das queimadas em 22 anos.  Segundo os dados do satélite de referência (AQUA_M-T), obtidos pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), foram registrados 25.455 focos de queimadas este ano em Mato Grosso.

Este número ainda é menor do que foi observado em todo o ano passado, com 31.169 focos de queimadas. No entanto, o mês passado isolado chama atenção por ser o agosto com o maior número de queimadas em 10 anos. Agosto de 2020 teve o registro de 10.430 focos de queimadas em Mato Grosso, só perdendo para o agosto de 2010, quando foram registrados 17.459 focos.

Neste mês de setembro, já foram registrados 5.849 queimadas, quase a metade do mês de setembro de 2019, com 10.747. Existem áreas do estado que ardem em chamas há mais de 5 dias e não há o controle do fogo, que acaba matando animais e destruindo as pastagens, deixando prejuízos enormes e até mesmo perda total para muitos pecuaristas do estado.

Além destes prejuízos, é preciso entender o quanto as queimadas prejudicam o solo, que fica impróprio para o cultivo. Segundo informações do Grupo Cultivar e Ciclo Vivo, o fogo elimina os nutrientes fundamentais para qualquer cultura vegetativa, como o potássio, fósforo e nitrogênio. As queimadas matam os microorganismos que auxiliam no desenvolvimento das plantas, reduzem a umidade do solo, levando à sua compactação, desencadeiam o processo erosivo, poluem nascentes e águas subterrâneas.

Nos últimos 10 dias de setembro, os meteorologistas preveem que a chuva deva avançar para algumas áreas do Sudeste e da parte central do Brasil. “Os volumes por enquanto são baixos, mas entre o fim de setembro e a primeira semana de outubro devem alcançar os 60 milímetros em algumas áreas que estão ardendo com o calor”, explica Celso Oliveira. Segundo ele, não dá pra esperar uma reversão imediata deste problema, mas no decorrer de outubro a situação fica melhor na região.

Por Pryscilla Paiva, de São Paulo
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