Primeiro prefeito de Lençóis

historia19-franc-aug-pereira

Francisco Augusto Pereira chegou a Lençóis Paulista por  volta de 1885. Natural do Rio de janeiro, Pereira adquiriu no município várias glebas de terras da família Graciano de Oliveira. Em segundas núpcias, Pereira consorciou-se com Honorina de Oliveira, natural de Botucatu. Dessa união nasceram os filhos: Francisco, Ministro Presbiteriano; Henrique, Augusto, Gabriel, Renê, Alípio, Oswaldo, formado em contabilidade; Moisés, dentista; Arão, Capitão da Polícia Militar; Samuel, dentista; e, Ghete, capitão militar. Francisco Augusto Pereira foi prefeito de Lençóis Paulista em 1902. Morreu em 1927 e está enterrado no cemitério de Botucatu. O único filho seu a ser enterrado em Lençóis Paulista foi Alípio Pereira. Após 1930, suas terras no Bairro Barra Grande, foram vendidas para as famílias Cacciolari, Faiad e Blanco.
Consta que, Francisco Augusto Pereira mandou trazer da cidade do Rio de Janeiro um professor de piano e teologia, que passou morar em uma casa às margens do Córrego da Oncinha, próximo Parque de Álcool da  Usina Barra Grande. Numa noite, um violento temporal arrasou o arvoredo no entorno, sem, no entanto, atingir a modesta residência.
Francisco Augusto Pereira, segundo relato de antigos moradores da região,  era católico, mas, quando preparava-se para casar com Honorina, o padre daquela época (José Masson) negou-se a realizar as núpcias. Aborrecido com a decisão do padre, Pereira mandou buscar um pastor da Igreja Presbiteriana, de Botucatu que realizou a cerimônia religiosa. Daí em diante, o fazendeiro tornou-se um evangélico fervoroso. De acordo com relatos de pessoas antigas, Francisco Pereira contava com a colaboração de alguns fieis colaboradores, na verdade, colonos ou empregados. Entre eles, estavam Gertrudes Monccioli, conhecida como Nhá Tuca, mãe de Victorio, Gasparino e Benedita Monccioli; Hermenegildo Ribeiro; Inácio Rosa, conhecido como Inácio Mudo. Este era mudo, surdo e benzedeiro. Ele teve seu nariz arrancado pela chifrada de um boi, pois dentre outras atividades, ele também desempenhava a função de carreiro.
Moravam ainda na fazenda: Archângelo Borin (este morreu subitamente quando matava um porco): Ernesto Iza; Os Silva: Sebastião, Manoel e Virgínio; Havia ainda, Miguel Niro, Ângelo Botan, Francisco Charmm, Antonio Fagundes, Manoel Batista, Raul Bueno, José Borin (Bepe), Antonio Moretto (Cateto), Miguel Toledo, Júlio Valardão, entre outros. Dentre os fatos curiosos na vida de Francisco Augusto Pereira, um deles chama a atenção. Numa manhã de dezembro do final do século 19, ele se dirigiu a uma mata virgem lá pelos lados da fazenda Caju. Ele pretendia escolher uma cabriúva (árvore) para fazer um rodão de engenho e em dado momento, sentou-se sobre uma tora para descansar. Qual não foi seu espanto, quando a “tora” começou a se movimentar, pois ele havia se sentado sobre uma enorme cobra sucuri. Consta, ainda, que após sua morte em 1927, Miguelzinho Theodoro (o Miguel Bode) entrou no mesmo mato – onde estava a sucuri – para cortar uma peroba e acabou não terminando sua empreitada, pois esbaforido e assustado, dizia ter visto o fantasma do falecido, trajando um terno branco. Outras pessoas também afirmavam terem visto Pereira no entorno na da sede da fazenda. Há relatos também envolvendo os filhos de Pereira: Consta que dois deles teriam, numa Sexta-feira Santa, jogado um carro de boi e o correntão usados para transportar toras nas águas do Rio Barra Grande. O carro foi retirado no dia seguinte, mas o correntão permaneceu submerso, durante mais de cinqüenta anos.  Em síntese, esta é a história de um homem que no final do século 19 e início do 20, foi um dos maiores proprietários de terras do município de Lençóis Paulista.