João Paccola Primo

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O médico, Dr. João Paccola Primo, era membro de uma das mais tradicionais famílias de Lençóis Paulista – Família Paccola. Filho de Antônio Paccola e de Luiza Nozella Paccola, nascido em Lençóis Paulista, aos 6 de maio de 1914, na antiga propriedade da família, denominada Fazenda Cachoeirinha. Perdeu seu pai muito cedo, e, por conta disso, passou por muitas dificuldades na infância, como toda a família. Era agricultor, quando, por volta dos 25 anos, capinava uma àrea para plantio, vindo a se cortar com a enxada. Jogou-a longe, e disse consigo mesmo, “vou ser alguém nessa vida!”. Se reuniu com os irmãos e rumou para a Capital estudar, pois, não possuía sequer 1º grau completo. Assim o fez, indo, com apenas uma “muda de roupa”, e, em três anos fez o chamado “madureza” onde concluiu o primeiro e segundo graus, com muito estudo e esforço, mesmo passando as maiores dificuldades. Prestou o exame de acesso onde foi aceito na “Escola Fluminense de Medicina”, e, ainda com a mesma “muda” de roupa, rumou para o Rio de Janeiro, onde conseguiu se hospedar em uma pensão da cidade. Com a distância, e, devido aos parcos recursos, chegou, por diversas vezes, ser ameaçado de despejo, de seu quarto e ficava sem alimentação, pois, não tinha como pagar sua hospedagem ou mesmo comer. Nessa época, no dia em que iria desistir de tudo, pois, estava literalmente morrendo de fome, sem qualquer recurso, uma pessoa a quem sempre chamou de seu maior amigo e uma alma bondosa, também, estudante de medicina, Dr, Darci Magalhães, o encontrou naquela que seria sua última aula e lhe disse “João, eu fui convidado pela Casa de Saúde São Jorge para ser assistente de operação e anestesista, mas, disse ao professor que não aceitaria, pois, tinha uma amigo que precisava mais do que eu desse emprego, e, é você, e, te indiquei, não só porque você está com muita dificuldade, mas, porque será um Grande médico…” Sempre quando falava deste fato, as lágrimas, mesmo cinquenta anos após, lhe vinham aos olhos. Começou a trabalhar naquela mesma tarde, e, pode dormir nos fundos do hospital e se alimentar no local. Ganhou quinze quilos em dois meses, pois, estava raquítico. E, até o final do curso, o salário que recebia pode pagar suas despesas e curso, mesmo com modéstia. O fundo, do hospital, dava vista para antigas casas daquela região, onde à tarde, pode ver sua esposa, a saudosa “Dona Cecé”. Se conheceram, e, ao final de seu curso, foi convidado a permanecer no Hospital como Clínico, além de outros grandes hospitais da época, mas, disse, “quero ser médico em minha terra” e dizendo isso à “Dona Cecé”, ela lhe disse “ vou contigo até o fim do mundo”, e, assim, formando, voltou à “Boca do Sertão” como era conhecida a região naquela época. Começou a clinicar e era médico de família, expressão essa utilizada por receber uma caixinha das famílias para atender aos familiares, que muitas vezes, eram pagas com uma galinha, um porco, enfim, com o que não fizesse falta para as pessoas… Em Lençóis, foi o segundo médico, sendo precedido pelo Dr. Humberto Leão Tocci, com quem fez parceria, desenvolvendo o início do Hospital Nossa Senhora da Piedade. De sua formação escolar, cursou o Grupo Escolar Esperança de Oliveira, completando os estudos no Colégio Paulistano, na capital do estado. Formou-se em medicina pela Escola Fluminense de Medicina, depois, denominada Faculdade Medicina do Rio de Janeiro, colando grau no dia 15 de dezembro de 1942. Depois de formado, ainda cursou no Hospital São João Batista da Lagoa, na capital fluminense, otorrinolaringologia, antes de retornar à sua cidade natal, Lençóis Paulista. Foi um dos mais antigos funcionários da Usina Barra Grande de Lençóis S/A, hoje Grupo Zillor, quando ainda, sua sede foi adquirida de uma antigo alambique ao qual era médico de família, trabalhando nesta empresa por quase cinquenta anos. Durante longos anos, também, foi Sanitarista do Serviço Especial de Saúde de Araraquara e mais tarde se especializou em pediatria em Bauru, curso esse patrocinado pela empresa Nestlé. Em Lençóis Paulista foi nomeado para o serviço público como médico sanitarista e exerceu a função de 1947 a 1951. Desligou-se para depois emprestar seus conhecimentos no antigo posto de puericultura. Convidado várias vezes para ser intendente da cidade, equivalente à Prefeito, quando tal cargo era feito por nomeação do Governador, sempre dizia, “Voltei, para minha cidade, para fazer medicina e não política”. Dr. João Paccola foi casado com a senhora Alceste Jansen Paccola com quem teve dois filhos: Dr. Cléber Antonio Jansen Paccola (médico) e Soely. Paccola (professora). Faleceu em Ribeirão Preto, onde realizava exames para tratamento de sua doença, sendo velado na Câmara Municipal de Lençóis Paulista e enterrado em sua querida Lençóis Paulista, no dia 11 de novembro de 2002 depois ter militado na medicina durante 60 anos trabalhado em suas funções, no Hospital N. S. Piedade, junto ao Pronto Socorro, até uma semana antes de seu falecimento…aos 88 anos de idade. O posto de saúde central, localizado na Avenida Brasil lhe perpetua o nome. (Colabarou o neto Maurício Meire Paccola Ciccone) – Blanco Lençóis, ´é a fonte onde este relato foi copiado e agora, compartilhado entre nós, Paccolas. Obrigado ao amigo, Blanco, pelo espaço e consideração à tantas famílias Lençoenses.

Texto Maurício Meire Paccola Ciccone.

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